30 dezembro 2014

Novelas e dúvidas, dúvidas e novelas

Existem certas situações que me fazem pensar (raras, pois claro). E na maioria das vezes, a conclusão a que chego é sempre a mesma. Nenhuma.

Por exemplo, é possível ser amigo/a de um ex? E o que é que acontece quando até são amigos, com amigos em comum e com o passado bem resolvido, e esse ex arranja alguém? E até podem pensar, aliviados, que provavelmente será possível num futuro próximo estarem todos juntos em harmonia, os ex's, os actuais e os amigos em comum. Mas e se de repente se apercebem que o/a actual do vosso/a ex é o género de pessoa por quem nunca nutririam qualquer tipo de simpatia? Que não tem nada a ver com nenhum de vocês, não partilha os mesmos valores, educação ou gostos... Que inclusivamente é o tipo de pessoa com quem não gostam de perder nem um segundo e quanto mais longe melhor? E que essa opinião é partilhada pelos amigos também? Diziam alguma coisa? Simplesmente evitavam qualquer tipo de contacto?

E no caso de ser o/a namorado/a novo/a de um/a amigo/a? Até simpatizam com a pessoa mas ele/a faz certos comentários e brincadeiras sobre o vosso/a amigo/a. Insegurança talvez? Inexperiência? A melhor forma de conquistar os amigos da vossa cara metade não passa por envergonhá-los à vossa frente, certo? Nesse caso, falavam? Partilhavam essa opinião com o/a amigo/a? Faziam cara feia?

O tempo realmente consegue transformar situações constrangedoras e algo incómodas em momentos aceitáveis? Tudo o que é novo ou diferente causa estranheza? As dinâmicas de grupo envolvendo a entrada de terceiros podem ser geridas ou ajeitam-se naturalmente, sem interferências?

Quantos pontos de interrogação terá este texto??? Esta eu consigo responder...

23 dezembro 2014

It's not rocket science

Mas parecia...
Pedes uma Somersby e oferecem-te uma Sumer Bed...

E no fim ainda pagas 4,50€ com uma nota de 10€ e a menina dá-te de troco 3,20€. 
"Eeerr, desculpe, eu dei-lhe 10€"
*Ar de enjoada* "Ai foi?"
Retira mais 5€ da caixa e adiciona a nota às moedas que já entregou.

Teve sorte que apesar do ar enjoadinho me ter feito perder o espírito natalício, não me afectou a honestidade...

22 dezembro 2014

Dizem que somos uma espécie distraída

E não vale de muito estar a tentar desmentir se paramos o carro em frente ao portão da garagem, saímos para o abrir, e em vez disso começamos a despir as calças...

17 dezembro 2014

Pointless doubts #4

O que se passa com os olhos daquelas pessoas que ligam as luzes de nevoeiro em dias de sol e/ou noites límpidas? Serão cataratas? 

15 dezembro 2014

Eu e as lentes de contacto, a saga

Apesar de ser uma utilizadora tardia, daquelas que só descobriu as maravilhas das lentes de contacto depois dos 25, tenho uma relação especial com estes pequeninos discos gosmentos.

Uma relação que começou logo da melhor maneira possível. A colocação ocorreu sem problemas (foi o oftalmologista, pudera), já o processo de as remover... eeerrrr, not so much. Depois de uma luta acesa entre o meu dedo e as minhas pálpebras que insistiam em fechar-se, depois de muito chorar, depois de ganhar uma dor intensa no olho, eis que finalmente observo o dedo e encontro... meia lente de contacto!
Esta alminha delicada tinha conseguido rasgar a lente e deixar metade lá dentro. DOIS DIAS de puro sofrimento, à procura de meia lente transparente, invisível ("as mais finas e cómodas do mercado, para não te custar tanto a adaptar!") num olho massacrado até à exaustão. Um oftalmologista que procurava e dizia que não, não tens cá nada, isso é só impressão. Lá saiu, a muito custo, com o auxílio de um cotonete, depois de uma valente choradeira ter feito aparecer uma pontinha da dita.

Podia ter sido ali o começo e o fim da relação, mas nãooooo. O que ganhei com esta primeira experiência foi perder todo e qualquer resquício de problemas em escarafunchar os olhos, e portanto, reunir as condições ideias para me tornar uma utilizadora assídua.
Ao longo dos vários anos que entretanto passaram foram muitos os episódios de lentes colocadas ao contrário (arranha e pica que é uma beleza, além de não se ver um boi), lentes coladas (depois do banho, com ares condicionados, após adormecer com elas), lentes na caixa a olhar para mim enquanto eu as tentava retirar dos olhos (algo que me apercebi dois olhos vermelhos mais tarde) e mais uma lente rasgada a resistir à ordem de despejo (desta vez eu própria, armada de cotonetes, resolvi o problema)...

Tantos momentos e peripécias e nunca, nunca perdi nenhuma. ATÉ HOJE. Uma esfregadela de olho e... pufffftt! Estou pitosga. Demorei algum tempo a perceber o que se passava. Ainda agora não tenho bem a certeza. Porque depois de andar de nariz colado ao chão de forma exaustiva, ter analisado roupa e cabelo, a secretária, o computador e a bancada do laboratório, não encontro nem rasto dela.
E o olho dói-me. E a dúvida persegue-me. E NÃO VEJO NADA.

A curiosidade faz mal ao gato

Mas não ao rato...

"Oh, enough about me, tell me about you"

11 dezembro 2014

Rato em ponto de ebulição

E a quem é que se parte os dentes quando um simulacro de incêndio nos inviabiliza uma experiência de duas semanas? Sim, duas semanas de trabalho para o lixo, acompanhadas da excelente notícia que ganhámos uma visita extra ao laboratório no dia de Natal... Hum? Então? Digam lá, vá, a quem é que eu posso agradecer espancar por tamanha gentileza... Ninguém?

É que se ainda fossem os bombeiros de Setúbal...

03 dezembro 2014

Mãozinhas de fada

As da minha fisioterapeuta, sem dúvida. Uma massagem daquelas mãos depois de um fim-de-semana de estrago intensivo (dança, what else) e sinto-me uma mulher mudada. Como nova. 
Não fosse sair de lá totalmente relaxada zombie e até era capaz de a encher de beijos. 

Eeerrrr, está bem pronto, se calhar não era. Não fico assim tãoooooooooo mudada. E sim, ok, podia ser coisa para a incomodar e deixar um bocadinho grande desconfortável, e eu não posso viver sem aquelas mãos maravilhosas dádivas divinas.
Um grande ósculo mental para ela. Ou dois. Ou muitos, vá.

29 novembro 2014

Diferentes maneiras de combinar uma noite com amigos

Dizem que pode ser feito de maneira normal.
Ou então, desta maneira.

Começa de forma aparentemente natural, com uma conversa de grupo no WhatsApp.
E: Já comi
A: Eu também!!
S: Então homens da minha vida, querem combinar às 22h15? Sports? Se alguém tiver algo contra que fale agora ou se cale para sempre!
A: Mim calado! Mas vamos tomar café mudos??
S: No café podes falar, eu deixo
E: Ahahaha. Sports? É como preferirem. Mas só devo conseguir às 22h30.
S: Era só por ser mais perto, mas se os meninos quiserem outro sítio, eu não me oponho
E: Sim, por mim pode ser. Ou então no SJ, como preferirem babes
S: Querem então no SJ?
A: Por mim mais 22h30
S: 22h30 no SJ. Oferta final
A: Tanto faz gente boa, eu é mais pela companhia
S: Uma... duas... Vendido! 22h30 no SJ. See you there
A: No SJ????
S: Ai a porra! Vocês homens são uma seca. Ah e tal tanto faz, ah pode ser, ah escolhe tu, e depois, mas vamos para aí??? Hummpfff!
A: Estava só a confirmar!
S: Não há quem vos ature! Pelo menos nenhuma mulher!
A: Há níveis novos no rune gems
S: Um de vocês está lixado...
A: E eu adoro-te na mesma!!!
S: Ai há?
A: Hã?
S: O meu humor passou-te à frente
A: Um de nós está lixado porquê?
S: Não há mulher que vos ature?
A: Dasssss, eeeeeee? Ahhhhhh! Lol
S: Sou uma incompreendida, ando aqui a dar pérolas
A: A tua profunda intelectualidade é demasiada para uma 6ª à noite
S: Eu sei, eu sei, não consigo controlar a minha mente iluminada
A: Hoje para mim tem de ser fácil e visual. Agora vou pôr-me giro (ou qualquer coisa muito longe disso como é hábito). S larga o rune gems já!!!!
S: Eu?? Não estou a fazer nada!! (angel)
A: Pois, pois...
S: Dou-te uma tareia de qualquer das formas, não preciso de começar já. Deixa-os pousar...
A: Cresce e aparece miúda!!!
S: You can eat my dust, muhahahahah! Olha, e o E pisgou-se daqui... Pergunto-me porquê? Uma conversa tão interessante....
A: Hummm, num sei! Ora!!! Pessoas interessantes só têm conversas interessantes
S: Onde? Onde é que elas estão? Interessantes? Raios, estou a ver mal outra vez de certeza...


Porque há amigos que são verdadeira família, e não só aturam a nossa pancadona, como ainda ajudam à festa

27 novembro 2014

Dance tips #3

Disclamer: não vai sair daqui um tema bóónito e fóófinho...

Odores, humidade e manchas indesejáveis. Para os meninos e meninas que gostam de uma boa noite social afrolatina. Falo de noites frequentadas por alunos de escolas de dança, e não aquelas africanas onde vão apenas os adeptos do roça-roça. Essas não conheço, e sinto-me abençoada nessa ignorância. Mas no tipo de noites a que me refiro, o que se segue é válido tanto para quem só vai kizombar, como para os verdadeiros apreciadores de ritmos latinos.
Mas tu nem sequer gostas muito de dançar kizomba, rato. Eu sei, e parte das razões para que assim seja são precisamente as que vou descrever. Para além disso, como irão ver, os mesmos problemas se aplicam na salsa. 

Ora, nós sabemos que pode ser um exercício intenso, o que muitas vezes propicia o suadoiro geral. Certo, é fisiológico, uns mais do que outros, toda a gente compreende, mas não há desculpas para se ser badalhoco. Por favoooor, tomem banho e usem desodorizante. Suam muito? Fácil, além da toalhinha, levem umas quantas t-shirts para irem trocando durante a noite, sim?
O motivo é simples. E vou generalizar isto para os homens, não só porque a maioria das vezes são os elementos centrais desta problemática, mas também porque só posso oferecer a minha perspectiva de mulher sequinha.

Então, primeiro para os kizombeiros. Não há mulher nenhuma que se queira encostar a vocês quando estão assim encharcados. Nenhuma gosta de sair da pista de dança com umas marcas na camisola iguaizinhas às que ocorrem no verão, quando se vestem com o bikini molhado. É constrangedor, e apesar de salgado, não é água do mar, ok? Por isso, blhac e blhac. Mudem de t-shirt mais vezes. E já agora limpem também a cara e o pescoço, porque nenhuma vai gostar de encostar a testa nessas zonas húmidas. Menos ainda se, depois disso, o cabelo dela ficar a parecer uma pobre vítima de lambidelas de vaca.
Mais homens sequinhos e bem cheirosos e acreditem que se dançava muito mais kizomba numa noite destas, vale?

E pensam agora os salseiros e bachateiros, ah e tal, estamos safos, nestas danças não há assim tanto contacto físico, elas não se podem queixar. Errado. Há contacto sim, quando a música o pede (interpretação musical, ring a bell?), mas esse não é o único problema. Sabem aquelas voltinhas que vocês dão? Sim? E sabem o que acontece nesse momento se estiverem a escorrer suor? Estão a ver o conceito de força centrífuga? Hum? Estão? É que muitas mulheres deixam precisamente de ver quando apanham um "chuveirada" dessas na cara. Não há blhacs que cheguem para vocês.

Sim, sim, claro que há situações em que não se importam de uma troca de suores, eu sei, todos gostamos, até os animaizinhos, blá blá blá, mas nunca, nunca e nunca, numa pista de dança, por favor. Pronto, a não ser que estejam sozinhos e que a outra pessoa esteja tão entusiasmada como vocês. Isso já é da vossa vidinha, não tenho nada a ver com o assunto e não preciso de saber.
Sendo assim, vamos lá aplicar isto este fim-de-semana, sim marranitos? A gerência agradece.

25 novembro 2014

20 novembro 2014

Conversas parvas de café ou a partilha de duques e cenas tristes

Entre as inúmeras conversas parvas que podem surgir numa saída de mulheres, algumas estarão sempre relacionadas com homens. Mais ainda quando se somam as que são originadas por determinados comportamentos observados in loco (e.g. a insistência de exemplares contagiados por excesso de confiança / arrogância, vulgo síndrome "última coca-cola do deserto", em nos impingir a sua presença e diálogo).

Sendo que saltitar entre assuntos (sempre com uma linha de raciocínio perfeitamente lógica e funcional, claro) também é comum nestas conversas, foi fácil e natural passar dos chatos no local para a partilha de experiências sobre chatos online, com direito a analisar várias das nossas prendas deprimentes categorias particulares. O que acabou por ser uma mistura entre risos e descrença, mas principalmente uma sucessão de momentos "não sei se me dá para rir, ou para chorar".

E as dúvidas surgiram quanto à melhor estratégia a seguir nestas situações. Os chatos no local costumam ser relativamente fáceis de dissuadir, mas e os outros?
Ignorar e bloquear? Algumas destas almas são realmente persistentes ou apenas não têm nada melhor para fazer.
"Desculpa mas não te conheço nem estou interessada em conhecer, por isso agradecia que não me voltasses a contactar"? Ainda assim parecem existir casos de leitura selectiva ou talvez pura dislexia, quem sabe.
Dar a resposta torta e sarcástica que nos aflora à ponta dos dedos? Até que ponto é seguro arriscar sem conhecer verdadeiramente a dimensão do ego e arrogância de quem está do outro lado?

19 novembro 2014

Pointless doubts #3

É possível ser uma fonte de poluição visual do tipo buttcrack sem fazer ideia do que se está a partilhar? Nem um fresquinho, nada que os alerte? Ou a motivação é mesmo a sensação de liberdade e arejamento?


Either way, o resultado final será provavelmente o do vídeo...

18 novembro 2014

Permissão para atacar

E a experiência hoje aprovada por instâncias superiores consiste em analisar a reacção de n burocratas a uma inundação de cartas, requisições, e-mails, telefonemas e visitas. Em várias frentes.

Let the game begin...

13 novembro 2014

Dois banhos por dia, nem sabe o bem que lhe fazia

A não ser que o segundo vos seja dado num passeio, cortesia da passagem de um automóvel por um pequeno monstruoso charco. Nesse caso é só mesmo nojento. E frio. E desconfortável. E patético.
Por outro lado, anima o dia aos colegas de laboratório, que ouvem e observam incrédulos e com risinho parvo:
1) O splosh... splosh... splosh, antes do aparecimento propriamente dito da figura encharcada e a pingar, com cara de poucos amigos e a proferir impropérios.
2) A mesma figura a usar o secador de material do laboratório em si própria.

Dois momentos que tiveram como banda sonora Sex on fire dos Kings of Leon. E mais risinhos parvos. Obrigadinha colegas, fica registado. Enfim, o dia promete.


09 novembro 2014

Gosto mesmo de...

Dançar. Dançar. Dançar. Sempre e em qualquer lugar.
Abraçar. Ser abraçada. Prolongadamente, com intenção.
Estar sozinha. Estar bem acompanhada.
Conversas interessantes com pessoas interessantes.
Rir. Rir. Rir. Até às lágrimas.
Beijos. Com sentido. Esperados. Desejados. Roubados.
Cafuné. Cafuné com a cabeça apoiada no peito ou colo de alguém.
Ronha numa cama quentinha em dia de frio. Num sofá em frente à lareira.
Ler. Ler. Ler. E escrever.
Yoga. Da descarga de emoções depois de uma sessão e da serenidade que se segue.
Um banho quente depois de uma banho de chuva.
Cantar no carro. Acompanhar com o volume no máximo as músicas preferidas.
Viajar. Viajar. Viajar. Voltar a casa.
Brincar com os sobrinhos. Ser mais criança que eles. Brincar.
Comida italiana. Batatas fritas. Gomas. Ovos moles.
Observar. Fazer perguntas. Respostas.

07 novembro 2014

Pointless doubts #2

Não percebo as meninas que fazem publicações de estado pseudo-profundas, acompanhadas de selfies com grande plano do decote e/ou sorriso 33, tiradas no próprio quarto ou casa-de-banho.

E cheguei à conclusão supracitada após uma pequena experiência. Num post cujo conteúdo era uma destas ditas fotos acompanhada por algo do género "estou tão feliz! mais uma etapa alcançada, eu sabia que conseguia", o que me aprouve dizer foi "uau, já aprendeste a usar o eyeliner, foi? está mesmo bem, parabéns!".

Eeerrr... não, afinal não era isso. Mas com aquela foto, caramba, enganava qualquer um... (já disse que não percebia?)

06 novembro 2014

"Windows, leave my icons alone!"

Pois, pelos vistos não sou a única cujo computador serve de morada a uma empregada de limpeza bisgarolha. Que, como algumas representantes desta classe trabalhadora, limpa o pó e deixa tudo fora do sítio.

Já parava de me arrumar o desktop, não Maria Delfina?

30 outubro 2014

A kiss is not just a kiss

Muitos estudos científicos falam sobre as razões pelas quais beijamos, da informação que retiramos de cada beijo, e até do facto de serem as mulheres quem mais os valoriza (ou não fosse nossa a responsabilidade de ter de encontrar a melhor combinação genética que a natureza tem para oferecer).

Mas a pergunta é o que é que isso interessa? Quem é que se preocupa com a razão naqueles momentos que antecedem um beijo? Principalmente quando são os primeiros. E não falo apenas do primeiro, primeiro. Aquele que nunca se esquece e que ainda hoje sabem dizer onde, quando e com quem foi (thank you, my older brother's friend). Falo daquelas primeiras vezes, quando o desejo de o fazer se sobrepõe a tudo o resto, quando parece existir um campo magnético ou uma força gravitacional que nos atrai para uma boca em particular. Daqueles instantes de aproximação, de expectativa, em que estamos tão próximos que quase o sentimos sem ainda realmente o ter experimentado. Da sensação em si quando finalmente acontece. Aqueles segundos em que todo o impacto de um novo começo se junta às reacções químicas que o nosso corpo nos dá de presente.

E dei por mim a pensar nisto. Porquê? Porque ao contrário de tantas outras coisas, não há um único sucedâneo para um beijo destes. E porque talvez (só talvez), me estivesse a apetecer.

27 outubro 2014

Pointless doubts #1

Aquelas pessoas que insistem em subir umas escadas rolantes no degrau imediatamente abaixo de alguém que não conhecem de lado nenhum estarão a tentar praticar o equivalente humano ao sistema de reconhecimento dos cães?

Era só para perceber se é mais coerente morder ou tenho de usar os cotovelos...

23 outubro 2014

Pesadelos de palco (post longo...e em crescendo)

Não, não vou falar daqueles instantes em que a mente fica em branco no meio da coreografia, nem quando nos adiantamos, atrasamos ou enganamos depois de meses de ensaios. Acontece, é verdade. É frustante e muitas vezes constrangedor, sim. No entanto, existem situações piores, capazes de provocar pesadelos nos dias que antecedem uma actuação. E nos dias seguintes também. E em quase todos os outros, na verdade.

Nem todas as que vou descrever são experiências na 1ª pessoa (thank god!). Algumas sim, outras vi acontecer ao meu lado. O que por si só, também já provoca calafrios. Porque no palco não dependemos só de nós, e o que acontece com um é problema de todos.
E sim, a introdução para adormecer meninos foi propositada. Facilita a dissertação sobre momentos caricatos / embaraçosos / arranjem-me um buraco onde me enfiar. Todos eles com um denominador comum: the show must go on. Ah, e claro, todos eles filmados para a posteridade.

Um desses começa com o partir duma fivela do sapato de dança. Em plena actuação. A dançar, em cima de uns saltos de 10cm e de repente, esse sapato fica solto. Além do perigo imediato para a integridade do nosso pé, é impossível continuar sem parecer, no mínimo, um trambolho. Sangue-frio. Improvisação numa situação que nunca foi ensaiada. Aproveitando uma volta e um momento mais pausado na música, uma sacudidela de perna faz voar o sapato solto. E continua-se até ao fim, com um pé de salto alto e um pé descalço. Com tanta classe que grande parte da plateia nem se apercebeu. Excepção feita aos que praticamente levaram com um sapato no meio da testa enquanto assistiam tranquilamente.

Depois temos também aqueles episódios em que, ao sair de um lift, percebemos que um dos nossos sapatos ficou preso no vestido, ou nas meias. Em segundos vamos aterrar, e entrar no tempo da música, e precisamos desesperadamente de ter os dois pés no chão. Mas um está posicionado algures no meio do nosso corpo, e parecemos uma espécie de bêbados a quem mandaram fazer um quatro. Algo semelhante ao pânico de ver um comboio a aproximar-se em grande velocidade e estarmos presos na linha. Que se lixe o sangue-frio. Nesta situação usa-se a força. A suficiente para rasgar o vestido ou as meias. E nem nos importamos com o rasgão ou buraco, tal é o alívio de estar novamente em cima das duas pernas e entrar no tempo exacto. Até esquecemos que, por breves segundos, parecíamos um bêbado a sofrer um ataque epiléptico. Entretenimento do bom.

Mas a mãe de todos os pesadelos, a causadora dos maiores ataques de pânico é, sem dúvida alguma... a nudez involuntária. Sim, aquele pesadelo de estar perante uma plateia e assim do nada, ficar sem roupa. A dançar, algo no fato se solta ou rasga, e partes que era suposto permanecerem anónimas ameaçam espreitar e cumprimentar o público a qualquer instante. E é este o maior dilema que pode surgir numa actuação. Fugir do palco? Arriscar tudo e continuar, numa luta inglória contra a gravidade? Não é uma decisão fácil. Mais difícil ainda é tentar afastar o pânico do rosto, enquanto desesperadamente usam todos os momentos em que uma das vossas mãos está livre para ir segurando o tecido que vos cobre. E a lição mais valiosa que se aprende? Usem e abusem dos elásticos, sistemas de segurança e cola própria para tecido e pele. E just in case, invistam também em tapa-mamilos.

19 outubro 2014

Gostava de perceber...

... como é que funciona o teu sistema on-off.
Ou que raio de sensor tens tu, que parece avisar-te quando passo umas semanas sem pensar em ti, e te compele a tentar entrar novamente na minha vida e no meu pensamento.

Não entendo. Mas por favor, funcione como funcionar, desliga-o. 
Aproveita a oportunidade de seres tu a tomar essa decisão. Enquanto ainda te sinto algum carinho e respeito, que me leva a responder. E a ser simpática. Não estragues isso também. 

Porque cada vez que jogas este jogo, perdes uma vida. E estás no limite do game over.

17 outubro 2014

Pelos vistos estou a precisar de umas aulas de condução

Entrei numa faixa de aceleração. Daquelas que até começam separadas das restantes por um traço contínuo. E ao meu lado um senhor que não deve ter gostado de me ver aparecer assim. Ou assustou-se. Se calhar foi isso. Assustou-se de tal maneira que as mãos descaíram automaticamente para a buzina.

Segui a minha faixa até ser seguro entrar na principal. Atrás do senhor assustadiço. Que ultrapassei mais à frente já que ele ia a passo de caracol e um bocado aos ziguezagues. Efeitos secundários do susto, certamente.
E quando estou novamente ao lado dele, noto pelo canto do olho um gesticular intenso na minha direcção, acompanhado de uma enorme quantidade de palavras que, obviamente, me era impossível entender.
Muito provavelmente estaria admirado com a minha beleza e a tecer elogios aos meus lindos olhos, por isso respondi-lhe com o meu sorriso mais radiante. Só não lhe mandei nenhum beijinho porque, por mais simpático que fosse, não o conhecia de lado nenhum, e sou recatada nos meus afectos.
Uns metros à frente, mais uns ziguezagues, uma ultrapassagem em duplo traço contínuo, mais uns elogios à minha beleza, desta vez pelo retrovisor.

Fiquei triste por o ver partir. Era clara a vontade de me dar aulas de condução, e pela amostra que me foi apresentada, ia aprender coisas novas que não sabia que se podiam ou deviam fazer.
Shame on me.

16 outubro 2014

Eu não ia falar sobre isto...

... mas enfim, hoje dormi pouco, por isso estou ainda mais tantan que o habitual.

Então, uma mulher resolveu transformar uma "experiência de bullying" (estou a fazer aspas com os dedos, sim) numa mensagem positiva, sobre respeito e não julgar apenas pelas aparências e outros chavões do bom-senso, ou senso comum, para alguns.
E os apoiantes/comentadores transformam essa acção numa excelente massagem ao ego campanha de marketing. E como é que a maioria faz isso? Não elogia as palavras, ou o sentido delas. O mais comum é mesmo "és boa todos os dias, ao contrário das escanzeladas". Faz sentido. Como é que vamos apoiar alguém que está a dizer não olhem apenas para o físico e não critiquem? Criticando o físico das outras.

Agora respondeu uma modelo (portuguesa, e bem sucedida, por sinal). Também foi correcta. A elogiar a primeira e a defender as magrinhas. Porque estas também são vítimas de comentários desagradáveis e já chateia. É verdade, concordo (se bem que, provavelmente, chateava menos se tivesse um extracto bancário como o dela). Até pede desculpa por ser rude e usar a palavra vagina para descrever uma mulher verdadeira. Não foi rude, é o termo científico correcto. Só acrescentaria que a mulher verdadeira tem um par de cromossomas X e pertence à espécie humana. Ah, e está viva, claro.

De qualquer das formas, estou com a sensação que vão chover agora comentários ao que esta última escreveu, elogiando-a com recurso à crítica às mulheres com mais carninha sobre os ossos. Mais uma vez sem ter em consideração o que as próprias escreveram.

E eu fico aqui à espera da resposta da Simara.

15 outubro 2014

Figuras (ainda mais) tristes

É kármico. O único animal que me provoca reacções estúpidas e irracionais é precisamente o que mais vezes invade o meu espaço. Sim, aranhas, what else? Isso e mais uma situação embaraçosa (texto com cariz terapêutico).

Um fim de tarde, no regresso a casa, dentro da minha viatura. E uma destas criaturas nojentas a passear feliz e contente por cima da minha cabeça.
A primeira reacção é desviar automaticamente a cabeça de encontro ao vidro. Depois um olho na estrada, outro na bicha, em busca de um sítio para parar o carro. Não há. Ainda nesta posição estranha, consigo descalçar uma bota. A da embraiagem, claro. Nesta fase não tenho bem a certeza se seria notório na condução o drama que se desenrolava no interior. Mas quero acreditar que não.
Espeto com a bota no tecto, esmagando a invasora, mas sem me atrever a confirmar, não fosse cair-me em cima, viva ou morta. E continuo nesta figura (perfeitamente normal, de pessoa a conduzir com uma bota na mão, apoiada no tecto do automóvel) mais uns metros, até finalmente encontrar um local onde encostar.
Vejo passar por mim outros motoristas, com ares incrédulos.

"Pronto rato, mais um dos teus momentos totós, deixa lá, já passou".
Não, não passou. A aranha realmente tinha passado à história, mas a humilhação ia apenas no começo.

Manhã seguinte. Novamente na viatura, desta vez acompanhada por um colega que pediu boleia. Relaxados, eu de olhar fixo na estrada, quando de repente
"Aquilo é uma marca de sapato no teu tecto?!?!"
"Onde? Ah sim, ahahaha, é uma história engraçada e..."
"Ui, pois imagino, deixa lá, não devia ter dito nada"
"Hã? Porquê? Até é cómico, não imaginas a ginástica que fiz para..."
"Too much information!"
Cai a moeda.
Ainda começo novamente "eerrr, foi uma aranha...", mas as minhas palavras são recebidas com um sorriso parvo e ar de "está bem, está". Resolvo calar-me e concentro-me em procurar onde raio se escondeu a minha dignidade.


Adenda: A marca já foi eliminada porque, quando a verdade não é suficiente, nada melhor que uma boa limpeza para evitar mais problemas.

13 outubro 2014

Companheiros de viagem

Existem dois tipos de companheiros de viagem que podemos encontrar nos transportes colectivos (sim, eu sei que existem muitos mais, mas agora só me apetece falar destes, pronto).

Temos então aqueles que ouvem música tão alto nos headphones, que somos obrigados a gramar com ela também, e os que a ouvem baixinho mas cantam em voz alta o que estão a ouvir.
E se os primeiros incomodam, já os segundos... fazem serviço público diversificado. Não só proporcionam entretenimento gratuito, como ajudam a desenvolver a capacidade de disfarçar ataques de riso. Ou isso, ou podemos ganhar um nariz e dentes novos. Win-win situation.


1h30 de treino 

11 outubro 2014

Cats

O musical. Depois de ver, as duas décadas em cartaz fizeram todo o sentido na minha cabeça.
Mais dança do que o habitual, o que o torna ainda mais especial.
Para quem gosta do género, muito muito bom.


A vingança das máquinas

Vamos imaginar que nos últimos dias brincaram com o vosso tempo e o vosso trabalho.
Estão ligeiramente incomodados mas é 6ª feira à tarde e o fim-de-semana promete ser bom.
Nisto surge um pedido para uma tarefa que demoraria várias horas. E têm um comboio para apanhar. A vossa mente pragueja como um estivador, mas colocam mãos à obra. E praticamente na hora em que precisavam sair, o milagre acontece e o trabalho está pronto. É só salvar e enviar.

Neste momento descobrem que vocês ainda estão a trabalhar, mas o software claramente que já não. E simples assim apagam-se duas horas de trabalho árduo, sem um aviso, sem uma explicação, sem segundas oportunidades. O que fazer?
a) Destruir a secretária numa fúria assassina
b) Partir a cabeça contra uma parede
c) Chorar desalmadamente com muito ranho à mistura
d) Todas as anteriores
e) Nenhuma das anteriores

Independentemente da opção escolhida, o que está sempre garantido é que o vosso portátil acabou de ganhar uma viagem. Não só vai passear no fim-de-semana, como ainda vai ter direito a alguma atenção exclusiva da vossa parte.
And the winner is... 

09 outubro 2014

Paciência

Afinal parece que tem limites. E que até se esgota. Mesmo para aqueles que se orgulhavam de ter muita.


Ou ainda podem deitar abaixo a porta fechada e depois passar pela outra. 
Só porque sim.

08 outubro 2014

O que foi o teu almoço?

Nos últimos anos já me tenho sentido como um animal em processo de engorda, com as pesagens frequentes até atingir o peso de abate. Mas no meu caso, a morte que se anuncia é por amor. Amor parental.

Nas visitas ao lar é recorrente a preocupação com o meu peso. "Tu não andas a alimentar-te", "Olha para esses bracitos", "Estás tão magrinha, pareces doente", "O que é que comeste hoje? E ontem?" and so on.
Seguem-se as minhas negações e a etapa mortificante de ser colocada em cima de uma balança, para descansar as preocupações de quem nos fez as orelhas.

Eu não tenho nenhum distúrbio (alimentar, pelo menos). Sou uma adulta quase cota mas naqueles momentos volto à infância, sinto-me pequenina, a criança dos papás.

E percebo que para eles serei sempre aquela menina. Ou a recém-nascida prematura e raquítica, em risco de vida, que lhes saiu na rifa.

06 outubro 2014

Dá-me música

Viver perto de um Conservatório de música até é uma experiência agradável. Não são raras as manhãs em que se acorda ao som de um piano ou violinos. Ou os fins de tarde em que se é recebido por uma orquestra. E há talento por ali. Os casos de agressão auditiva são esporádicos e geralmente de fácil resolução (a boa e velha técnica da almofada na cabeça).

Mas eis que surje um invasor. Uma tenda de circo. Mesmo ao lado. A competir pelo volume de ruído. Algo que deve desesperar os alunos, imagino. A mim, sem dúvida que o faz. Uma prova de que nem sempre o positivo vence o negativo, a melodia não vence o barulho. Mais com menos dá menos.

Eu sei que é temporário, mas causa transtorno. Porque enquanto dura, os atrasos matinais são frequentes. Sim é verdade, os tampões auditivos são tão eficazes que não há despertador que me salve.

04 outubro 2014

World Animal Day

Merecem o meu respeito, protecção e carinho todos os dias. Hoje é apenas mais um, mas porque não uma homenagem especial ao que manda cá em casa...


Like a boss

28 setembro 2014

Dance tips #2

Senhores fofinhos que nos convidam para dançar, a palavra-chave é "convidam", sim?
Agarrar o braço da mulher e arrastá-la para a pista não constitui um convite. Está mais perto da definição de assalto e algumas mulheres podem ter a tentação de usar o braço livre para vos envergonhar.

Só estou a avisar, para o caso de quererem ter mais cuidado da próxima vez. Quem é amiga, quem é?
E se não sabem falar queriduxos, no problem, estamos na era da tecnologia. SMS, Skype, Messenger, WhatsApp... Estão a ver a ideia? Ainda bem, porque se me obrigam a desenhar, além de mudos vão ficar cegos.

25 setembro 2014

Querooo!!


Para substituir a minha edição dos anos 90 que um amigo judas se "esqueceu" de devolver. 
Tinha V de volta, palhaço...

22 setembro 2014

Memória olfactiva

Estavas do outro lado da rua. Sorriste. Eu acenei. Mas resolveste atravessar para me cumprimentar.
No momento em que as nossas caras se encostaram, senti o teu perfume. Fechei os olhos um instante e o passado, o nosso, insinuou-se sem aviso e sem convite.

Trocámos amenidades, alguns toques, mais sorrisos. Nostálgicos.
E fiquei ali, presa, atraiçoada pelos meus sentidos. Até ser salva pelo vento.

20 setembro 2014

Não percebo nada de moda

Indumentária avistada num bar numa 6ª feira à noite:
Calcita de fato de treino cinzenta, adornada com bolsos em padrão leopardo e suspensórios.

Num homem...

17 setembro 2014

Awkward...

Aquele momento em que somos surpreendidos e gostávamos mesmo, mas mesmo muito, de ter o poder da invisibilidade...

Um dia normal, um projecto normal. Uma colaboração com alguém de fora. Sem problemas até esse alguém aparecer. Congelei, recuei no tempo, balbuciei qualquer coisa. Ele olhou fixamente "eu conheço-te".
Logo de seguida ouve-se a frase típica "ah, vocês conhecem-se?".
Conhecemos, conhecemos...

14 setembro 2014

Dance tips #1

Depois de umas férias, o regresso ao ritmo de ensaios e noites sociais é mais traumático que a recuperação de uma pequena cirurgia. É o adeus às horas a dançar sem o mínimo esforço. São as boas-vindas às cãimbras em distintas e variadas zonas do corpo, à respiração "sopra as velinhas", ao arrastar de pés na primeira música, à vingança cruel dos nossos outrora "sapatinhos de dança" (my preciousssss) que parecem querer castigar-nos pela ausência.

Alheios a esta realidade, provavelmente enganados pelo nosso ar desgrenhado e asmático sorriso e olhar impávido e sereno, continuam a arrastar-nos convidar-nos para dançar, sem pausas. E entra então a imaginação (qual seria a piada de admitir que nos sentimos com a ligeireza da Popota e não aguentamos mais), pondo em prática técnicas de evasão que podem ir do mais sofisticado ao mais... como dizer, assim... estúpido.

Por isso, se virem uma mulher que no fim de cada dança corre para o WC ou para o bar, não, ela provavelmente não é incontinente, nem está com problemas intestinais, nem é alcoólica, nem tem muitaaaaa sede. Está apenas e só a fugir de vocês, ok?
Só para o caso de não terem percebido a língua de fora, o tom vermelho tomate, os esgares de dor, a forma como se arrastam para fora da pista, o olhar desesperado e esgazeado para qualquer banquinho ou a expressão de puro deleite quando o seu corpo finalmente entra em contacto com uma dessas invenções divinas.

10 setembro 2014

A primeira vez

Em não sei quantos anos de carta (não muitos, cof...cof), nunca tinha sido parada numa operação stop. Mas voilá, há sempre uma primeira vez. E sobre aquilo das primeiras vezes serem estranhas? Pois.

Agente aproxima-se do carro. Olho para ele através dos óculos de sol.
"Os documentos por favor."
Passo os documentos. Agente olha para mim, não para os documentos. Dá a volta ao carro. A olhar para mim. Finalmente pára e olha para a carta de condução.
"Então usa lentes?"
"Sim."
"Com os óculos de sol não consigo vê-las."
Hã? Ok, tiro os óculos de sol. Agente aproxima-se ainda mais da janela.
"Ahhh, tem olhos verdes."
WTF? Afasto-me o possível sem saltar para o banco do passageiro.
"Errr.. Sim?"
"Então só me resta desejar-lhe..."
Pausa.
"Boa viagem."

Qual de nós é que não passaria no teste do balão? 

03 setembro 2014

Vi o que fizeste no Verão passado #1

Podia ser um post com fotografias de coisas e/ou pessoas que cruzaram o meu caminho estas férias? Poder podia, mas não era a mesma coisa. O que vai sair daqui (além da parvoíce habitual) é uma espécie de documentário / questões de quem claramente levou com demasiado sol na tola.

(Inserir estilo David Attenborough)
A observação da fauna, geralmente não local, e dos rituais de acasalamento derivados do calor e excesso de álcool reveste-se de um carácter educacional de elevado valor, particularmente ao nível do what not to do.

Como cenário temos um bar, música alta, álcool em abundância, vestes reduzidas. Um grupinho de 3. Ele, ela e o amigo em comum. Ela, claramente interessada nele, inicia o ritual... Esfrega aqui, toca ali, sorri, ri muito alto, abana-se, despacha o amigo para ir buscar bebidas. Ele vai sorrindo com um ar de quem não sabe muito bem se quer se não, olhando em volta como uma corça assustada, e onde está o caraças do amigo que nunca mais volta. Ela ignora todas as reticências do rapaz e começa a agarrar mais aqui e mais ali, a gritar sussurar mais ao ouvido, a pendurar as garras com mais força no pescoço da vítima / refeição.

Amigo volta com as bebidas. Ahhh, o alívio! Imediatamente os  2 machos iniciam uma conversa deveras interessante sobre, imagine-se, trabalho e ela vai lançando olhares fulminantes, ao mesmo tempo que tenta disfarçar a tromba expressão "raio do empata f****". Amigo ausenta-se novamente, quiçá para uma ida ao WC. Ela sabe que não tem muito tempo, é agora ou nunca, a expressão facial muda novamente, e veloz, agarra-lhe a cara com toda a força que reúne e toma lá com o meu hálito e sabor a cerveja para ver se amansas. Ele faz um sorriso de quem recebeu um par de meias pelo Natal e começa imediatamente a achar paredes e chão as coisas mais fascinantes que viu na vida.

Na noite seguinte, passam os dois sozinhos pela rua, já sem o amigo. Ele em passo apressado, à frente dela, com o olhar no vazio, ela mais atrás, quase em corrida para o acompanhar, pendurada no braço dele. Não há contacto visual. Não há conversa. Da parte dele nem sequer contacto físico.

Conformismo? Síndrome antes mal acompanhado que só? Nunca ter sentido o que é conhecer e envolver-se com alguém que não consegue parar de nos olhar e tocar? Ou não vamos perder tempo e começamos já pelo fim?

21 agosto 2014

Deixai vir a mim as criancinhas... mas com limites

Sou uma pessoa que gosta de crianças... no geral.
Mas depois há os casos particulares.

Como, por exemplo, quando andamos descansados às compras e surge do nada um pequeno exemplar aos guinchos que se agarra à nossa perna com unhas e dentes, mãos e pés, braços e pernas.
A pequena lapa está agora firmemente agarrada e nunca a vimos na vida, e nem conseguimos pensar dado o berreiro. Após o transe inicial tentamos falar com a pequena criatura mas ela não nos liga nenhuma. E continua a gritar. E continua firmemente presa.
Então tentamos andar, com toda a elegância de alguém que tem quase metade do seu peso corporal agarrado a uma perna. Parecemos uns trambolhos, claro.
Tentamos novamente apelar ao pequeno ser. Tentar perceber o que pretende, o que lhe aconteceu, onde estão os paizinhos e por aí. Nada novamente.
E começamos a perceber os olhares e sussurros de quem está à nossa volta, com aquele ar de crítica e desaprovação. "O que é que esta parvalhona fez à pobre criancinha?". "Eu????"

E os pais nowhere to be seen.
Pensando melhor, acho que não gosto é de alguns pais.

19 agosto 2014

Dias de rato

De vez em quando lá aparecem comitivas em visita aos laboratórios. E de vez em quando lá me calha a mim o azar de fazer a apresentação. E é tão gratificante quando não podiam ligar menos ao que estamos a dizer e optam antes por tirar fotografias ao rato de laboratório / animal de circo que eu represento ali de bata. Nesses momentos surge aquela vontade de encher as bochechas de ar e começar a esfregar as mãos em frente à cara (diria bigodes, mas não tenho).

Controla-te pequeno rato. É suposto seres uma profissional séria... E mesmo aceitando-se alguma excentricidade na ciência, acho que não te safas se começares a morder as pessoas. Já bastam estes diálogos internos.

15 agosto 2014

Nunca pensei dizer isto....

... mas sinto falta do palco.

Bem, talvez não do palco propriamente dito.
Sinto falta da agitação dos camarins, dos laços que se criam nos momentos de maior pressão, das lágrimas e risos. E principalmente daqueles instantes, quando as luzes se acendem, a música começa... e tudo o resto desaparece.



Oh well, em Setembro há mais

14 agosto 2014

Aplicar à discrição

Era só para dar uma pequena novidade. Pensando melhor, se calhar não é. E a minha tentação para generalizar é grande, mas estou a tentar controlar-me. Enfim, vamos lá.

Algumas pessoas gostam de sinceridade. Não se ofendem quando ouvem um não. Já uma daquelas desculpas fraquinhas é coisa para gerar alguma irritação. Porque algumas vezes, algumas pessoas, reconhecem uma dessas quando a ouvem. 
Então pergunto, é assim  tão difícil dizer não? Ou deverei antes perguntar, com que tipo de loucos já se cruzaram que justifique o medo que têm da reacção a um não directo?

Era só isto.

12 agosto 2014

O que é que mudou?

É o que eu te pergunto. Porquê novamente a insistência? Porquê agora?
A verdade é que tinhas razão quando disseste que devíamos ficar apenas pela conversa. E ainda bem que assim fizemos.
Porque eu não sou a pessoa por quem tu estás disposto a correr riscos. Não sou quem tu queres. Ou não estás preparado para querer alguém. Em ambas as hipóteses o resultado final é o mesmo. Tu não queres realmente e ambos sabemos disso.

E não há problema, a sério que não. Nem ressentimentos, mágoas ou qualquer tipo de drama. Apenas duas pessoas a viver a vida. E que merecem vivê-la. E eu passei muito tempo (aliás, ainda passo) a descobrir quem sou e o que quero, a aceitar que tenho direito a isso. Que mereço. Eu, tal como tu, tal como toda a gente. E não me contento com menos.
Eu quero alguém que queira realmente. Ouvir a minha voz. Estar comigo. Arriscar. Partilhar. Deixar-me entrar e descobrir. Que queira entrar e descobrir. Que me trate com respeito e nunca como algo para passar o tempo enquanto não decide ou encontra o que quer. Eu sei que todos nós o fizemos numa ou outra fase da vida. Não condeno nem julgo. Mas para mim isso é estar perdido. E tal não me faz querer ficar longe de ti, ou achar que não vales a pena. Não, apenas faz com que eu não continue à espera. E não aceite o pouco que me ofereces. E que as palavras já não sejam suficientes.

Mudou alguma coisa? Mostra-me, não me digas. Não quero ouvir, quero ver.
Tens medo que não dê certo? Tens medo da rejeição? Também eu. Não queres investir sem saber que vais ganhar? Então mais uma vez, não queres realmente. E eu não tenho essa ilusão, sabes porquê? Porque quando queremos, fazemos. Vamos em frente. Mesmo sentindo medo, a esperança de conseguir o que desejamos é mais forte. Por isso não preciso de desculpas, nem ilusões, nem receios de ferir os meus sentimentos.

Porque no fundo não é complicado. Somos apenas tu e eu, ou sim ou não.

04 agosto 2014

Figuras tristes

Quando às 4h da manhã chegas a casa e encontras uma aranha gigante no meio da porta. Começas ao pontapé a tentar acabar com a bicha, enquanto histericamente vais berrando "morre p***". E no dia a seguir passas pelos vizinhos da frente que te olham de uma forma estranha e ocorre-te que, muito provavelmente, ouviram a tua pequena demonstração de loucura.





Lá se foi a minha reputação...

29 julho 2014

Se calhar sou só eu...

... que acho aquelas coisas de massagens, unhas, maquilhagem, depilação de buço e sobrancelhas à linha, em pleno corredor de um centro comercial, para toda a gente ver, um bocadinho estranho. Para certas coisas sou uma adepta da privacidade.
E pronto, está bem, se calhar sou uma alma implicante e tal, mas agora também tenho de levar pelos olhos dentro com aqueles tanques cheios de peixinhos a comerem peles, calos e micoses dos presuntos das pessoas? Ah e tal vou ali à Hussel comprar uns chocolatinhos, nhami, ai espera, mas o que é aquilo em frente à loja? Ora, que maravilha, pés em água com peixes! Blhaaacc
Pronto, deixa lá os chocolates, sai daí, espera que te passe o enjoo e vai procurar outra porcaria para te engordar...

07 julho 2014

E foi assim

Sempre fui  fã do "Porta dos Fundos". E por isso não perdi a oportunidade de ver Fábio Porchat ao vivo em Dezembro do ano passado. Este ano alguém lá em cima deve ter achado que eu tinha sido uma boa menina visto que, não só decidiram juntar todo o elenco, como ainda lhe adicionaram um dos melhores destas bandas (para mim claro, gostos não se discutem, mas com o Ricardinho quase me transformo numa groupie maluca a gritar "Faz-me um filho!!" Quase... eu disse quase). Este Sábado fui ao céu e voltei.



(ai, ai...)

27 junho 2014

Conversa com um amigo

Ele: Estou velho.
Eu: Olha lá, obrigadinha. Queres bater mais no ceguinho? Ou já te esqueceste que sou mais velha que tu?
Ele: Não, nada disso. Um dia que tenhas um filho vais ver o que é envelhecer...
Eu: Pois, isso realmente não sei. E neste momento também não tenho a certeza se algum dia vou ou quero saber.
Ele: Então, claro que sim! Vais ver, agora na fase de rebound, encontras um gajo e em 4 meses até já estás grávida!!
Eu: É uma boa teoria, mas já passou um ano.
Ele: Mas eu só soube há umas semanas. Só conta a partir daí.

Ahhhhh! Está bem...

25 junho 2014

Uma pequena parte de mim...

Fiz muitas asneiras. Algumas coisas boas. Muito menos do que ainda quero fazer.

Publiquei artigos. Uma tese de doutoramento. Dei palestras. Dei aulas. Fiz voluntariado. Meditação. Adoptei um animal. Plantei uma árvore.

Dancei em palcos. Dancei na rua. Dancei à chuva. Participei num videoclip. Sessões fotográficas. Fui atleta federada.

Fiz um cruzeiro. Dancei salsa em Havana. Comi gelados em Roma. Compras na 5th Avenue. Bebi água de coco no Brasil. Subi à Torre Eiffel. Nadei nas Ilhas Gregas. Andei na London Eye. Fumei em Amesterdão. Regateei na Turquia. Vi a Casa Branca. Perdi-me no Parque Guell.

Lutei pela vida. Sofri abusos físicos. Vivi numa relação violenta. Tive medo. Tive força.

Casei-me. Divorciei-me. Fiz uma tatuagem. Ri. Chorei. Amei. Perdi. Perdi-me. Ganhei. Agradeci. 

04 junho 2014

Contradições

Sou feita delas.
Gosto de estabilidade, mas procuro desafios.
Adoro viajar, mas quero sempre voltar a casa.
Não gosto de multidões, mas apresento em público.
Gosto de ser livre, mas sinto falta de me apaixonar.

A sensação de ter o "Estou além" do Variações como banda sonora da minha vida. E ter medo que isso dure para sempre. E ao mesmo tempo querer ser sempre assim.
Maluquinha, eu sei.

28 maio 2014

Está de chuva...

Hoje acordei com o barulho da chuva a cair na varanda. Virei-me na cama, estendi o braço, esperei. Procurei um sinal do teu calor, um toque, um beijo. Mas tu não estavas. A verdade é que nunca estiveste. Não conheço a sensação do teu corpo, não conheço o sabor dos teus lábios.
Um encontro fortuito, umas horas de conversa, um sorriso a chamar por mim. Uma sucessão de tentativas frustradas, desencontros, um vai ser mas nunca foi, a minha razão a dizer "já chega". Não vai acontecer. Eu sei. Até digo que não quero que aconteça.
Mas naqueles momentos, mente e corpo relaxados, desprotegidos, quase a adormecer, quase a acordar, vens invadir-me os sentidos.
Abro os olhos e levanto-me. Está a chover.

13 maio 2014

Eu sei que é estúpido, mas...

Dá-me sempre para rir aquele spam que recebo onde me tentam impingir coisinhas para os meus filhos ou para perder peso. No meu caso, não sei qual das duas será mais ridícula ou do foro do imaginário. Melhor ainda é tratarem potenciais vítimas clientes pelo nome próprio, como se realmente os conhecessem. Really?

30 abril 2014

Why not?

Sim, sou um rato de laboratório. Mas também passo grande parte do meu tempo a ler e escrever. Artigos. Teses. Projectos. Assuntos sérios. Para algumas pessoas, pelo menos. E a ser avaliada e julgada por isso. O fantástico sistema "Peer Review", e não só. Muitas mensagens, quase sempre depreciativas, quase sempre anónimas. Parece familiar? O problema é que essas têm realmente o poder de afectar a minha vida. E eu tenho de lidar com elas.

Portanto, aqui está. O meu 2º espaço, desta feita para assuntos parvos (leia-se, a minha vida fora do laboratório ou dentro dele), sem medo das reacções de terceiros. O meu grito de liberdade.
Claro que isso não quer dizer que eu, pequena geek, não prefira gente meiguinha.