30 outubro 2014

A kiss is not just a kiss

Muitos estudos científicos falam sobre as razões pelas quais beijamos, da informação que retiramos de cada beijo, e até do facto de serem as mulheres quem mais os valoriza (ou não fosse nossa a responsabilidade de ter de encontrar a melhor combinação genética que a natureza tem para oferecer).

Mas a pergunta é o que é que isso interessa? Quem é que se preocupa com a razão naqueles momentos que antecedem um beijo? Principalmente quando são os primeiros. E não falo apenas do primeiro, primeiro. Aquele que nunca se esquece e que ainda hoje sabem dizer onde, quando e com quem foi (thank you, my older brother's friend). Falo daquelas primeiras vezes, quando o desejo de o fazer se sobrepõe a tudo o resto, quando parece existir um campo magnético ou uma força gravitacional que nos atrai para uma boca em particular. Daqueles instantes de aproximação, de expectativa, em que estamos tão próximos que quase o sentimos sem ainda realmente o ter experimentado. Da sensação em si quando finalmente acontece. Aqueles segundos em que todo o impacto de um novo começo se junta às reacções químicas que o nosso corpo nos dá de presente.

E dei por mim a pensar nisto. Porquê? Porque ao contrário de tantas outras coisas, não há um único sucedâneo para um beijo destes. E porque talvez (só talvez), me estivesse a apetecer.

27 outubro 2014

Pointless doubts #1

Aquelas pessoas que insistem em subir umas escadas rolantes no degrau imediatamente abaixo de alguém que não conhecem de lado nenhum estarão a tentar praticar o equivalente humano ao sistema de reconhecimento dos cães?

Era só para perceber se é mais coerente morder ou tenho de usar os cotovelos...

23 outubro 2014

Pesadelos de palco (post longo...e em crescendo)

Não, não vou falar daqueles instantes em que a mente fica em branco no meio da coreografia, nem quando nos adiantamos, atrasamos ou enganamos depois de meses de ensaios. Acontece, é verdade. É frustante e muitas vezes constrangedor, sim. No entanto, existem situações piores, capazes de provocar pesadelos nos dias que antecedem uma actuação. E nos dias seguintes também. E em quase todos os outros, na verdade.

Nem todas as que vou descrever são experiências na 1ª pessoa (thank god!). Algumas sim, outras vi acontecer ao meu lado. O que por si só, também já provoca calafrios. Porque no palco não dependemos só de nós, e o que acontece com um é problema de todos.
E sim, a introdução para adormecer meninos foi propositada. Facilita a dissertação sobre momentos caricatos / embaraçosos / arranjem-me um buraco onde me enfiar. Todos eles com um denominador comum: the show must go on. Ah, e claro, todos eles filmados para a posteridade.

Um desses começa com o partir duma fivela do sapato de dança. Em plena actuação. A dançar, em cima de uns saltos de 10cm e de repente, esse sapato fica solto. Além do perigo imediato para a integridade do nosso pé, é impossível continuar sem parecer, no mínimo, um trambolho. Sangue-frio. Improvisação numa situação que nunca foi ensaiada. Aproveitando uma volta e um momento mais pausado na música, uma sacudidela de perna faz voar o sapato solto. E continua-se até ao fim, com um pé de salto alto e um pé descalço. Com tanta classe que grande parte da plateia nem se apercebeu. Excepção feita aos que praticamente levaram com um sapato no meio da testa enquanto assistiam tranquilamente.

Depois temos também aqueles episódios em que, ao sair de um lift, percebemos que um dos nossos sapatos ficou preso no vestido, ou nas meias. Em segundos vamos aterrar, e entrar no tempo da música, e precisamos desesperadamente de ter os dois pés no chão. Mas um está posicionado algures no meio do nosso corpo, e parecemos uma espécie de bêbados a quem mandaram fazer um quatro. Algo semelhante ao pânico de ver um comboio a aproximar-se em grande velocidade e estarmos presos na linha. Que se lixe o sangue-frio. Nesta situação usa-se a força. A suficiente para rasgar o vestido ou as meias. E nem nos importamos com o rasgão ou buraco, tal é o alívio de estar novamente em cima das duas pernas e entrar no tempo exacto. Até esquecemos que, por breves segundos, parecíamos um bêbado a sofrer um ataque epiléptico. Entretenimento do bom.

Mas a mãe de todos os pesadelos, a causadora dos maiores ataques de pânico é, sem dúvida alguma... a nudez involuntária. Sim, aquele pesadelo de estar perante uma plateia e assim do nada, ficar sem roupa. A dançar, algo no fato se solta ou rasga, e partes que era suposto permanecerem anónimas ameaçam espreitar e cumprimentar o público a qualquer instante. E é este o maior dilema que pode surgir numa actuação. Fugir do palco? Arriscar tudo e continuar, numa luta inglória contra a gravidade? Não é uma decisão fácil. Mais difícil ainda é tentar afastar o pânico do rosto, enquanto desesperadamente usam todos os momentos em que uma das vossas mãos está livre para ir segurando o tecido que vos cobre. E a lição mais valiosa que se aprende? Usem e abusem dos elásticos, sistemas de segurança e cola própria para tecido e pele. E just in case, invistam também em tapa-mamilos.

19 outubro 2014

Gostava de perceber...

... como é que funciona o teu sistema on-off.
Ou que raio de sensor tens tu, que parece avisar-te quando passo umas semanas sem pensar em ti, e te compele a tentar entrar novamente na minha vida e no meu pensamento.

Não entendo. Mas por favor, funcione como funcionar, desliga-o. 
Aproveita a oportunidade de seres tu a tomar essa decisão. Enquanto ainda te sinto algum carinho e respeito, que me leva a responder. E a ser simpática. Não estragues isso também. 

Porque cada vez que jogas este jogo, perdes uma vida. E estás no limite do game over.

17 outubro 2014

Pelos vistos estou a precisar de umas aulas de condução

Entrei numa faixa de aceleração. Daquelas que até começam separadas das restantes por um traço contínuo. E ao meu lado um senhor que não deve ter gostado de me ver aparecer assim. Ou assustou-se. Se calhar foi isso. Assustou-se de tal maneira que as mãos descaíram automaticamente para a buzina.

Segui a minha faixa até ser seguro entrar na principal. Atrás do senhor assustadiço. Que ultrapassei mais à frente já que ele ia a passo de caracol e um bocado aos ziguezagues. Efeitos secundários do susto, certamente.
E quando estou novamente ao lado dele, noto pelo canto do olho um gesticular intenso na minha direcção, acompanhado de uma enorme quantidade de palavras que, obviamente, me era impossível entender.
Muito provavelmente estaria admirado com a minha beleza e a tecer elogios aos meus lindos olhos, por isso respondi-lhe com o meu sorriso mais radiante. Só não lhe mandei nenhum beijinho porque, por mais simpático que fosse, não o conhecia de lado nenhum, e sou recatada nos meus afectos.
Uns metros à frente, mais uns ziguezagues, uma ultrapassagem em duplo traço contínuo, mais uns elogios à minha beleza, desta vez pelo retrovisor.

Fiquei triste por o ver partir. Era clara a vontade de me dar aulas de condução, e pela amostra que me foi apresentada, ia aprender coisas novas que não sabia que se podiam ou deviam fazer.
Shame on me.

16 outubro 2014

Eu não ia falar sobre isto...

... mas enfim, hoje dormi pouco, por isso estou ainda mais tantan que o habitual.

Então, uma mulher resolveu transformar uma "experiência de bullying" (estou a fazer aspas com os dedos, sim) numa mensagem positiva, sobre respeito e não julgar apenas pelas aparências e outros chavões do bom-senso, ou senso comum, para alguns.
E os apoiantes/comentadores transformam essa acção numa excelente massagem ao ego campanha de marketing. E como é que a maioria faz isso? Não elogia as palavras, ou o sentido delas. O mais comum é mesmo "és boa todos os dias, ao contrário das escanzeladas". Faz sentido. Como é que vamos apoiar alguém que está a dizer não olhem apenas para o físico e não critiquem? Criticando o físico das outras.

Agora respondeu uma modelo (portuguesa, e bem sucedida, por sinal). Também foi correcta. A elogiar a primeira e a defender as magrinhas. Porque estas também são vítimas de comentários desagradáveis e já chateia. É verdade, concordo (se bem que, provavelmente, chateava menos se tivesse um extracto bancário como o dela). Até pede desculpa por ser rude e usar a palavra vagina para descrever uma mulher verdadeira. Não foi rude, é o termo científico correcto. Só acrescentaria que a mulher verdadeira tem um par de cromossomas X e pertence à espécie humana. Ah, e está viva, claro.

De qualquer das formas, estou com a sensação que vão chover agora comentários ao que esta última escreveu, elogiando-a com recurso à crítica às mulheres com mais carninha sobre os ossos. Mais uma vez sem ter em consideração o que as próprias escreveram.

E eu fico aqui à espera da resposta da Simara.

15 outubro 2014

Figuras (ainda mais) tristes

É kármico. O único animal que me provoca reacções estúpidas e irracionais é precisamente o que mais vezes invade o meu espaço. Sim, aranhas, what else? Isso e mais uma situação embaraçosa (texto com cariz terapêutico).

Um fim de tarde, no regresso a casa, dentro da minha viatura. E uma destas criaturas nojentas a passear feliz e contente por cima da minha cabeça.
A primeira reacção é desviar automaticamente a cabeça de encontro ao vidro. Depois um olho na estrada, outro na bicha, em busca de um sítio para parar o carro. Não há. Ainda nesta posição estranha, consigo descalçar uma bota. A da embraiagem, claro. Nesta fase não tenho bem a certeza se seria notório na condução o drama que se desenrolava no interior. Mas quero acreditar que não.
Espeto com a bota no tecto, esmagando a invasora, mas sem me atrever a confirmar, não fosse cair-me em cima, viva ou morta. E continuo nesta figura (perfeitamente normal, de pessoa a conduzir com uma bota na mão, apoiada no tecto do automóvel) mais uns metros, até finalmente encontrar um local onde encostar.
Vejo passar por mim outros motoristas, com ares incrédulos.

"Pronto rato, mais um dos teus momentos totós, deixa lá, já passou".
Não, não passou. A aranha realmente tinha passado à história, mas a humilhação ia apenas no começo.

Manhã seguinte. Novamente na viatura, desta vez acompanhada por um colega que pediu boleia. Relaxados, eu de olhar fixo na estrada, quando de repente
"Aquilo é uma marca de sapato no teu tecto?!?!"
"Onde? Ah sim, ahahaha, é uma história engraçada e..."
"Ui, pois imagino, deixa lá, não devia ter dito nada"
"Hã? Porquê? Até é cómico, não imaginas a ginástica que fiz para..."
"Too much information!"
Cai a moeda.
Ainda começo novamente "eerrr, foi uma aranha...", mas as minhas palavras são recebidas com um sorriso parvo e ar de "está bem, está". Resolvo calar-me e concentro-me em procurar onde raio se escondeu a minha dignidade.


Adenda: A marca já foi eliminada porque, quando a verdade não é suficiente, nada melhor que uma boa limpeza para evitar mais problemas.

13 outubro 2014

Companheiros de viagem

Existem dois tipos de companheiros de viagem que podemos encontrar nos transportes colectivos (sim, eu sei que existem muitos mais, mas agora só me apetece falar destes, pronto).

Temos então aqueles que ouvem música tão alto nos headphones, que somos obrigados a gramar com ela também, e os que a ouvem baixinho mas cantam em voz alta o que estão a ouvir.
E se os primeiros incomodam, já os segundos... fazem serviço público diversificado. Não só proporcionam entretenimento gratuito, como ajudam a desenvolver a capacidade de disfarçar ataques de riso. Ou isso, ou podemos ganhar um nariz e dentes novos. Win-win situation.


1h30 de treino 

11 outubro 2014

Cats

O musical. Depois de ver, as duas décadas em cartaz fizeram todo o sentido na minha cabeça.
Mais dança do que o habitual, o que o torna ainda mais especial.
Para quem gosta do género, muito muito bom.


A vingança das máquinas

Vamos imaginar que nos últimos dias brincaram com o vosso tempo e o vosso trabalho.
Estão ligeiramente incomodados mas é 6ª feira à tarde e o fim-de-semana promete ser bom.
Nisto surge um pedido para uma tarefa que demoraria várias horas. E têm um comboio para apanhar. A vossa mente pragueja como um estivador, mas colocam mãos à obra. E praticamente na hora em que precisavam sair, o milagre acontece e o trabalho está pronto. É só salvar e enviar.

Neste momento descobrem que vocês ainda estão a trabalhar, mas o software claramente que já não. E simples assim apagam-se duas horas de trabalho árduo, sem um aviso, sem uma explicação, sem segundas oportunidades. O que fazer?
a) Destruir a secretária numa fúria assassina
b) Partir a cabeça contra uma parede
c) Chorar desalmadamente com muito ranho à mistura
d) Todas as anteriores
e) Nenhuma das anteriores

Independentemente da opção escolhida, o que está sempre garantido é que o vosso portátil acabou de ganhar uma viagem. Não só vai passear no fim-de-semana, como ainda vai ter direito a alguma atenção exclusiva da vossa parte.
And the winner is... 

09 outubro 2014

Paciência

Afinal parece que tem limites. E que até se esgota. Mesmo para aqueles que se orgulhavam de ter muita.


Ou ainda podem deitar abaixo a porta fechada e depois passar pela outra. 
Só porque sim.

08 outubro 2014

O que foi o teu almoço?

Nos últimos anos já me tenho sentido como um animal em processo de engorda, com as pesagens frequentes até atingir o peso de abate. Mas no meu caso, a morte que se anuncia é por amor. Amor parental.

Nas visitas ao lar é recorrente a preocupação com o meu peso. "Tu não andas a alimentar-te", "Olha para esses bracitos", "Estás tão magrinha, pareces doente", "O que é que comeste hoje? E ontem?" and so on.
Seguem-se as minhas negações e a etapa mortificante de ser colocada em cima de uma balança, para descansar as preocupações de quem nos fez as orelhas.

Eu não tenho nenhum distúrbio (alimentar, pelo menos). Sou uma adulta quase cota mas naqueles momentos volto à infância, sinto-me pequenina, a criança dos papás.

E percebo que para eles serei sempre aquela menina. Ou a recém-nascida prematura e raquítica, em risco de vida, que lhes saiu na rifa.

06 outubro 2014

Dá-me música

Viver perto de um Conservatório de música até é uma experiência agradável. Não são raras as manhãs em que se acorda ao som de um piano ou violinos. Ou os fins de tarde em que se é recebido por uma orquestra. E há talento por ali. Os casos de agressão auditiva são esporádicos e geralmente de fácil resolução (a boa e velha técnica da almofada na cabeça).

Mas eis que surje um invasor. Uma tenda de circo. Mesmo ao lado. A competir pelo volume de ruído. Algo que deve desesperar os alunos, imagino. A mim, sem dúvida que o faz. Uma prova de que nem sempre o positivo vence o negativo, a melodia não vence o barulho. Mais com menos dá menos.

Eu sei que é temporário, mas causa transtorno. Porque enquanto dura, os atrasos matinais são frequentes. Sim é verdade, os tampões auditivos são tão eficazes que não há despertador que me salve.

04 outubro 2014

World Animal Day

Merecem o meu respeito, protecção e carinho todos os dias. Hoje é apenas mais um, mas porque não uma homenagem especial ao que manda cá em casa...


Like a boss