04 junho 2015

O karma sabe dançar

Há vários tipos de pessoas numa aula de dança. Os que se ajeitam, os que nem por isso mas fazem um esforço, e os que decididamente não nasceram para reencarnar o Fred Astaire, mas sim o Mike Tyson. E insistem, insistem, insistem. Podiam aceitar a sua condição pé de chumbo e dedicarem-se à pesca, mas nãoooo, isso nunca. Optam antes por massacrar quem tem a infelicidade de dançar com eles.

Ah e tal, que implicância, rato. É verdade, bem sei, não é bonito da minha parte este tipo de queixas. Eu até sou tranquila, a sério que sou, mas há qualquer coisa no facto de levar marretadas na cabeça de forma continuada, que me faz perder a razão. Provavelmente porque tais "carinhos", aplicados semanalmente, baralham o tico e o teco e provocam-lhes sede de sangue. Não passo uma semana sem unhas partidas, cotoveladas na testa com direito a hematoma, braços deslocados, ou um nariz vermelho e dorido. Volto a repetir, são aulas de dança. Não são artes marciais, nem defesa pessoal. E a pessoa que me aplica estes mimos (e às outras "sortudas" que lhe passam pelas mãos), tece sempre o mesmo tipo de comentários, "ah, não foi assim tão mau, o meu cotovelo mal sentiu o toque". Podia tentar explicar ao energúmeno que isso talvez se deva ao facto de ele ter menos terminações nervosas aí do que eu tenho nas zonas onde levo pancada, mas costumo estar distraída com as dores, a limpar sangue ou a fazer gelo, my bad.

Ontem, aproximei-me do carrasco, envergando já o meu melhor feitiozinho de merda que tal personagem me inspira. Ele mostra-me a mão, com um curativo, em sinal de "Não tocar". Oohh, tem dói-dói? Ai que pena! Dancemos então. Oops, acertei onde não devia? Oohh, mas não foi com força, não? Eu nem senti, não doeu de certeza. Vamos lá a parar com a mariquice, sim?

Karma is a bitch.

4 comentários:

  1. É por essas e por outras que, no ginásio, eu me afasto de tudo o que seja dança ou aula minimamente coreografada. Tentei uma de zumba, outra de step coreografado, e percebi que o meu lugar no mundo era longe dali. :D

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    1. Ainda hoje tenho muitos momentos de total descoordenação motora, assim como de brancas enormes em coreografias. Mas nesses casos não estamos a maltratar ninguém, tirando talvez o nosso ego ;)

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