31 agosto 2015

Eu, ele e os outros

Hoje revi um vídeo que me fez lembrar as discussões frequentes que tenho com um amigo. Não é um discutir no mau sentido, são apenas grandes conversas sobre diferentes pontos de vista. Um gladiar de argumentos que não nos leva a lado nenhum, mas nem por isso deixa de ser saudável.

O ponto onde mais vezes discordamos diz respeito à nossa forma de ver o mundo. Ou mais concretamente, o que podemos e devemos fazer relativamente aos que nos rodeiam. Eu sou da opinião que, por pouco que seja, vale sempre a pena fazer algo. Ele também não é daqueles que pensa que nada faz diferença e, portanto, nada vale o trabalho. A visão dele é um pouco mais complexa, e em certa medida, até lhe dou razão. Mas não consigo concordar totalmente. No que respeita a ajudar quem pouco ou nada tem, a visão dele é racional, a minha é acima de tudo emotiva. Ele defende que dar dinheiro ou comida a quem não os tem, não resolve o problema de base. Principalmente quando falamos de países subdesenvolvidos, é da opinião que isso não vai resolver a situação e apenas a prolonga no tempo. Que, sem educação e algo que realmente lhes motive uma mudança de vida, é como colocar um penso rápido numa amputação. Até percebo o argumento e ele, por sua vez, compreende que eu seja "madrinha" de uma criança indiana. Mas apenas porque o dinheiro não é atribuído directamente, e sim aplicado em educação e cuidados de saúde, algo que na perspectiva dos dois, pode fazer diferença a longo prazo.

Depois disto tudo até parece que estamos de acordo, não é? Não totalmente. Ele chega a aceitar esta acção, mas não aceita nenhuma das outras. E eu continuo a ouvir na minha cabeça as palavras de quem me fez as orelhas, eu sei que não resolvo nada por lhe dar isto, mas no momento que o recebe, ela sorri, e por poucos minutos que seja, a vida parece-lhe melhor.
É assim que nos calamos mutuamente... ele fala-me do futuro, eu respondo-lhe com o presente.

4 comentários:

  1. "...eu respondo-lhe com o presente."

    Sendo que a última palavra pode ser lida nos 2 sentidos ;)

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  2. Faz-me lembrar uma discussão semelhante que tenho com uma amiga em relação ao papel das mulheres na sociedade.
    Ela batalha-se pelo apoio directo às mulheres. Eu não nego essa necessidade, mas dou mais importância ao apoio directo aos homens, que acabam por ser a fonte do problema.
    Tal como o teu amigo, entendo que as coisas têm que ser resolvidas conforme se pode, mesmo que em pequena escala, mas acho que a solução só pode ser definitiva se o problema for atacado na base.
    Em ambos os assuntos, o dele e o meu, a base é a mesma: educação.

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    1. Sem dúvida. E nesse campo concordo com ele, tal como também concordo contigo na situação que referes. A diferença que me parece existir nos vossos pontos de vista é que ele não concorda com nenhum outro tipo de abordagem.

      Já eu, sou a favor de que uma não impede a outra, e mesmo sabendo que apenas a direccionada para as bases tem potencial para resolver algo, não vejo nenhum contra em usar a outra simultaneamente. Fazendo uma analogia, será como arrancar um dente que só dá problemas. Sabemos que temos de o fazer, e que só assim se resolve a situação, mas ficamos gratos por poder contar com anestesia e analgésicos nesse processo...

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