03 setembro 2014

Vi o que fizeste no Verão passado #1

Podia ser um post com fotografias de coisas e/ou pessoas que cruzaram o meu caminho estas férias? Poder podia, mas não era a mesma coisa. O que vai sair daqui (além da parvoíce habitual) é uma espécie de documentário / questões de quem claramente levou com demasiado sol na tola.

(Inserir estilo David Attenborough)
A observação da fauna, geralmente não local, e dos rituais de acasalamento derivados do calor e excesso de álcool reveste-se de um carácter educacional de elevado valor, particularmente ao nível do what not to do.

Como cenário temos um bar, música alta, álcool em abundância, vestes reduzidas. Um grupinho de 3. Ele, ela e o amigo em comum. Ela, claramente interessada nele, inicia o ritual... Esfrega aqui, toca ali, sorri, ri muito alto, abana-se, despacha o amigo para ir buscar bebidas. Ele vai sorrindo com um ar de quem não sabe muito bem se quer se não, olhando em volta como uma corça assustada, e onde está o caraças do amigo que nunca mais volta. Ela ignora todas as reticências do rapaz e começa a agarrar mais aqui e mais ali, a gritar sussurar mais ao ouvido, a pendurar as garras com mais força no pescoço da vítima / refeição.

Amigo volta com as bebidas. Ahhh, o alívio! Imediatamente os  2 machos iniciam uma conversa deveras interessante sobre, imagine-se, trabalho e ela vai lançando olhares fulminantes, ao mesmo tempo que tenta disfarçar a tromba expressão "raio do empata f****". Amigo ausenta-se novamente, quiçá para uma ida ao WC. Ela sabe que não tem muito tempo, é agora ou nunca, a expressão facial muda novamente, e veloz, agarra-lhe a cara com toda a força que reúne e toma lá com o meu hálito e sabor a cerveja para ver se amansas. Ele faz um sorriso de quem recebeu um par de meias pelo Natal e começa imediatamente a achar paredes e chão as coisas mais fascinantes que viu na vida.

Na noite seguinte, passam os dois sozinhos pela rua, já sem o amigo. Ele em passo apressado, à frente dela, com o olhar no vazio, ela mais atrás, quase em corrida para o acompanhar, pendurada no braço dele. Não há contacto visual. Não há conversa. Da parte dele nem sequer contacto físico.

Conformismo? Síndrome antes mal acompanhado que só? Nunca ter sentido o que é conhecer e envolver-se com alguém que não consegue parar de nos olhar e tocar? Ou não vamos perder tempo e começamos já pelo fim?

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