29 setembro 2017

How to save a life

Por vezes temos a sorte de partilhar momentos com grandes pessoas. GRANDES, não necessariamente em tamanho. GRANDES por serem quem são, e por nos fazerem acreditar que a humanidade ainda está boa e ainda se recomenda. Ontem foi uma dessas vezes.

22h30 de um dia da semana. Fim de mais um treino. À saída, um miar contínuo, aflito. Uns continuaram o seu caminho, uns poucos de nós ficaram. Os que acharam impossível ficar indiferentes. Depois de muito chamar, varrer espaços com lanternas de telemóvel, andar de gatas e até deitados no chão de granito, conseguimos perceber. Um jovem gatinho, preso sob os nossos pés. No espaço oco, de condutas, entre o tecto de uma garagem comum e as lajes de granito do terraço em cima. O espaço diminuto por onde se tinha esgueirado apenas nos permitia dar-lhe de comida e afagar as orelhas.

Apelámos aos Bombeiros. Que vieram logo, acompanhados da Polícia. Heróis. Plenos de simpatia, preocupação, compaixão e bondade. Após alguma consideração e estudo das condições, optaram por retirar uma das enormes pedras de granito do pavimento. Logo ali, uma cauda visível. E depois, foi esperar. O jogo do gato e do rato, mas com papéis invertidos. Comida cá fora, pessoas afastadas, silêncio e paciência. Surgiu um focinho. E umas patas. A cheirar o ar. Tão assustado, que não se atrevia a sair e qualquer movimento o fazia rastejar novamente para debaixo do chão. Até que finalmente, ganhou confiança. E ficou livre. Com as restantes vidas intactas, para gastar.

Nós, quase 3 horas depois, exaustos, com muita fome e o corpo gelado. Mas de coração quente e cheio de ronrons.

2 comentários: