25 outubro 2016

Sim? Não? Nim?

Talvez seja apenas uma questão de adaptação, de me habituar a estes tempos em que as redes sociais prevalecem sobre tudo, ou quase tudo. Por enquanto, ainda acho um bocado estranho esta coisa das forças policiais tirarem selfies para ilustrar a descoberta de alguém desaparecido. Como a criança de Ourém, por exemplo. É uma ocasião feliz, claro, mas ver esta preocupação em documentar o momento da parte de quem devia essencialmente proteger, faz-me alguma confusão.

Está bem, está bem, chamem-me Velho do Restelo, se quiserem. Nestas questões, se calhar sou um bocadinho.
Mas já agora, para quando a selfie com o Pedro Dias? Está difícil essa, hein?

16 outubro 2016

Quem nunca?

Quem nunca se viu descansadinha num centro comercial (substituir por aeroporto, estação de comboios, estação de serviço, whatever) e foi subitamente interrompida por uma bexiga exigente e sem misericórdia?

Quem nunca se viu obrigada a atender o chamado da tirana atrás referida num daqueles wc públicos, com cubículos cujas divisórias ficam a meio caminho do chão e do tecto?

Quem nunca se viu sossegadita num desses cubículos, aaaahhhh, que alíviooooo, e de repente lhe aparece uma mão a tactear junto aos pés, na busca do "papel higiénico perdido da vizinha do lado"?

Não? Ninguém? Sorte a vossa. De qualquer das formas, se algum dia vos acontecer e forem propensas ao tipo de sustos que afecta esfíncteres, pensem positivo. Já estão com o rabo no sítio certo.

13 outubro 2016

Sobre a falta de parafusos

Sempre achei que a malta da dança era um bocado maluca. Pronto, se calhar, nem todos, mas a minha amostra, sim. Vá, eu, pelo menos. Porquê? Bem, assim logo para começar, pelos sacrifícios e dores que aguentamos. Já perdi a conta ao número de aulas, ensaios e até actuações que fiz com os joelhos e pés todos ligados, a rebentar pontos, carregada de dores e nódoas negras.

Eu sei, sou um bocado parva. Mas já tive a confirmação de que não sou a única. Alguns dos meninos com quem já dancei, fizeram-no com contracturas, hérnias discais, tendinites, entre muitas outras mazelas. E como se não bastasse, ontem, o meu rico par resolveu elevar a fasquia. Tínhamos ensaio. Faltar? Nem pensar. Mesmo depois de um dia passado no hospital, com as dores de uma cólica renal (coisa fraquinha, segundo ouvi dizer... assim equiparada às dores de parto, pppffff, para meninos, portanto), braços e mão todos furadinhos, lá estava ele, ao meu lado, pronto para a nossa sessão de tortura semanal.

Podíamos ser menos doidos? Podíamos, mas não era a mesma coisa.

03 outubro 2016

Mais um tema fracturante

Já muito se disse e escreveu sobre as diferenças de comportamento entre homens e mulheres, mas nunca li nenhuma dissertação sobre este tema em específico. E que assunto tão interessante é esse, perguntam vocês, cheios de curiosidade?
Ranho. O tema é, nada mais, nada menos, do que ranho.

Nos meus trinta e tal anos de vida, conto pelos dedos de uma mão os homens que conheci, que gostassem de dar uso aos lenços. Sim, quando se trata de ranho, as mulheres assoam-se, os homens fungam. Isso. Fungam. Ininterruptamente. E como é que te lembraste disso agora, rato? Pois, o moço está constipado. Este fim-de-semana tive como banda sonora um concerto de fungadelas. Non stop. Já com os ouvidos em sangue, e os nervos em frangalhos, perante a teimosia do gajo em não usar a porra do lenço, aproveitei o café com os amigos para debater o tema. Uns quantos homens, umas quantas mulheres. Eu e ele.

"Meninos, expliquem-me lá, mas que raio de aversão é essa aos lenços?"
Instalou-se a paródia. Elas automaticamente acenaram em concordância. "Opá, pois, mas são todos assim! Também não percebo!!" Eles defenderam-se mutuamente, assim como a sua masculinidade.
"Homem que é homem não se assoa! Chega ao fim do dia com os pêlos da mão rijos! Ou a manga da camisola! Se estiver mesmo muito à rasca, inclina a cabeça para trás e deixa escorrer pela garganta!!" Elas ofereciam lenços de papel ao moço, eles gritavam "resiste, não cedas!"

Ficou o circo montado. Entre risos e fungadelas, não consegui ganhar esta batalha. Mas a luta continua.
Ou irá continuar, assim que consiga recuperar do estúpido vírus que o gajo, como bom namorado, resolveu partilhar comigo. Obrigadinha, hã.