Paru quê?!?!
Parurético. Aquele que sofre de parurese. Sim? Não? Bexiga tímida, pah! Bolas, uma pessoa aqui a esforçar-se por usar termos bonitos
(ia dizer pipis, mas dado o tema, não quero dar azo a interpretações literais) e vocês nada. Enfim, adiante.
Nunca pensei muito sobre o assunto, até porque, segundo parece, é mais frequente nos homens, e assim sendo não era uma preocupação dos meus belos caracóis. Até um famoso dia em Viena. A verdade é que não gosto muito de casas de banho públicas
(há algum maluco que goste?!), fundamentalmente por questões de higiene, e vá, por alguma ausência de privacidade também. Mas apesar de tentar evitar as minhas excursões a tais sítios, há momentos na vida em que tem de ser, e o que tem de ser tem muita força.
Ora, a minha bexiga escolheu o cenário chique de um parque em Viena para me fazer um ultimato,
ou vais ou passas aqui vergonha, e lá fui eu, pois que remédio. Como em quase todo o lado naquela cidade, o resolver destas aflições passa pelo pagamento de uma módica quantia, trocando-se o alívio por uma moedinha de 1€. Lá paguei. E assim que entrei, parei especada. No meio daquele enorme espaço, deserto, um homem de esfregona na mão, fazia tranquilamente a limpeza. Uma personagem saída de um filme de terror, uma espécie de corcunda de Notre Dame maléfico, sem um olho e uma enorme cicatriz na face. Ao ver-me ali parada, ladrou-me qualquer coisa em alemão, enquanto agitava a esfregona na minha direcção, e me fixava com o único olho. Pode ter sido um
vá lá fazer o seu xixi, mas a mim soou-me mais a
faça favor de entrar, eu prefiro assassiná-la quando estiver com as calças na mão. Ponderei as minhas hipóteses, agora eram duas as aflições, também já tinha pago para entrar, a minha última moeda, depois disto a única alternativa era um arbusto no jardim. Lá me enchi de coragem, isso ou o ver da esfregona agitada na minha direcção, que me levou a considerar estar mais segura atrás da porta fechada de um dos cubículos. Ali sentada, naquelas condições, discutia eu com a minha bexiga
anda lá pah, estavas a rebentar, agora nada? E ela
, está um homem muito creepy mesmo aqui ao nosso lado, desculpa lá se me recuso a trabalhar, sim? Estamos nesta troca de ideias quando, de repente, surge a esfregona por baixo da porta, tacteando todo o chão do cubículo, incluindo os meus próprios pés. Podia ter soltado um gritinho, podia, mas naquele momento todo o meu corpo se tornou tímido, incluindo a minha voz, que fugiu para parte incerta.
Moral da história? Fugi dali ao melhor estilo
run for your life. Podiam considerar colocar um aviso alertando para o facto do pagamento ali se destinar não ao alívio, mas a uma mini-sessão numa casa de terror. Claro que, sendo em alemão, o resultado final para mim seria o mesmo.
Run, Forrest, run.