31 março 2015

Esta já está, venha a próxima

Sim, a foto é minha. 
Sim, fartei-me de subir escadas para a tirar. 
Sim, ia levantando voo pelo caminho. Sim, com um bocadinho mais de sol e calor seria perfeito.
Sim, hoje é dia de avançar.

25 março 2015

Pawprints on my life

Março foi o mês em que o perdi.
Tinha veia de cão pastor. E eu talvez fosse encarada como uma ovelha. Ou apenas um membro da alcateia. Nem Alfa nem Beta. Um sentido de igualdade que poderia ser confundido com desmérito, não fosse talvez o responsável por fazer de mim a mais acarinhada e a mais protegida. A que era escolhida para brincar, para dormir, para levar festas e lambidelas, para dar colo, para secar lágrimas. Cresceu comigo. Ao longo de quase 18 anos foi companheiro de todos os momentos e ouvinte de mágoas. Sempre presente.

Março foi também o mês em que me tornei voluntária de uma associação de protecção e resgate de animais. Uma espécie de homenagem, quem sabe. Ou uma vontade que sempre existiu, e apenas ganhou uma nova força, um novo sentido, depois da perda. Ele próprio foi resgatado da rua para o nosso lar. E ganhei tanto com isso.
Existem muitos exemplos deste tipo de associações e do trabalho que fazem. Algumas publicitam mais, outras menos. Fotos e vídeos de salvamentos, de recuperações. E eu emociono-me, choro e riso misturados (se quiserem tentar, experimentem os vídeos da HopeForPaws, como este ou este), com as diferentes histórias, cada uma com o potencial de me fazer acreditar no pior, mas também no melhor dos outros.

Março é o culpado de toda esta confusão de letras e memórias ter sido atirada para aqui. Assim como as saudades que sinto. E o meu respeito por quem os protege ser tão grande que ultrapassa a minha capacidade de o ilustrar com palavras.

20 março 2015

Final countdown

No, I'm not heading for Venus.
São apenas umas mini-férias, duas novas cidades, dois novos países.

E falta uma semana.
7 dias.
168 horas.
10 080 minutos.
604 800 segundos.

Viajar. Há lá coisa melhor?

18 março 2015

A mulher (quase) invisível

Aqui no edifício onde trabalho existe uma recepcionista pequenina como a sardinha. Não é exagero, não*. Além de miudinha, tem uma daquelas vozinhas a condizer, parece um trinado, daqueles baixinhos. O que a torna quase invisível. É que nem vê-la, nem ouvi-la. E para ajudar à festa, o balcão e a cadeira onde se esconde são enormes. Algumas vezes aproveito as minhas pausas sentadinha no sofá em frente para ir apreciando o espectáculo. Dos que chegam e ficam ali, à procura de alguém, a espreitar, enquanto ela sorri e cumprimenta, e permanece sem ser vista. Alguns chegam a desistir. Mesmo que ela opte por dar uns pulinhos, o máximo que se vislumbra é o cocuruto. Mas não se pense que eu me fico só ali a rir. Não, também eu sou vítima da situação quando, de manhã, ainda de olhos mal abertos, me aproximo da máquina de café e vislumbro uma cadeira que se move sozinha ao longo do balcão, qual filme de terror. Um sobressalto e um gritinho depois (sim, que eu sou valente com'ó raio nestas situações), lá me cai a moeda e acordo para mais um dia.

*estão a ver o início daquele anúncio da TomTom com o Yoda? O "hello?, is anyone in there?" E mesmo depois apenas ser visível uma pontinha da cabeça? Não estão a ver? Então vejam, aquiIt's pretty much the same.

17 março 2015

Tourette ao volante

Claro, já não é novidade, particularmente para os que me conhecem, que eu tenho um problema de fusíveis. Ou da falta deles. Parafusos a menos. Cartas ausentes do baralho. Isso. Os mais simpáticos dizem-me que não, que o problema é ter demais, já se sabe, depois nunca se acerta nas posições correctas, curto-circuitos, peças que não encaixam, enfim. Até podia tentar provar que estão todos errados, mas depois de quem é que eu me ria? O que seria feito de mim se não me pudesse satirizar? Adiante.

...

Sou uma pessoa calma a conduzir. Venham os panhonhas, os domingueiros, as encarnações do Fittipaldi. Rato sorri, manda beijinhos, impávida e serena, tão controlada, ohmmmm, ohmmmm...

@#!%*!!!!

Sim, estou ali na maior das tranquilidades e, de repente, olhos esbugalhados, sai-me um mimo destes. Gritado. Em erupção. Vermelho nas vistas que, nos segundos seguintes, me escorre para as bochechas.

Coprolalia. Acho que é isso. Gosto. Dá um rótulo bonito, fica no ouvido. Que foi?? As crianças mais traquinas hoje em dia (pasme-se, uma criança ser assim) não são logo rotuladas de hiperactivas? Os rótulos não estão na moda? São desculpas? É que não sendo este, os únicos que tenho aqui à mão são "Perigo, inflamável. Risco de explosão" ou "Produto cáustico. Não manusear sem protecção".

11 março 2015

Mating habits and behaviours

Já tinha dito por aqui o quanto me fascina observar determinados comportamentos humanos, entre os quais se encontram os rituais de acasalamento. Eeeerr, se calhar isto soou um bocado pervertido, mas estou a referir-me aos que ocorrem em público, às primeiras vezes... (não melhorou mas enfim, adiante).

Hoje, ao ler esta crónica e ao ver o vídeo, quase fiquei com vontade de trabalhar nesta área. Caramba, que belos estudos não podem sair dali. Principalmente agora com todas as plataformas que proporcionam blind dates. E eles com lugar na 1ª fila, com a possibilidade de observar todas as nuances e diferentes condutas.
Por outro lado, o vídeo pode ser útil para quem costuma passar por isto, sem consciência da forma como os sinais que emite são compreendidos por terceiros, sejam eles o companheiro surpresa ou curiosos nas proximidades.


Goofy smile, awkward hug...

10 março 2015

O silicone já não é o que era

Pensavam que eu ia falar de seios? Nãaaa, nada disso mentes poluídas. O silicone em questão é aquele das meias, aquela tirinha mágica que as segura ali algures nas coxas. Sim, esse mesmo.
Antigamente era de grande qualidade (segundo a marca, conceituada, dizem eles), aguentando ali, estóico, durante horas, sem descair, ou sequer uma ameaça disso. Tão bom, mas tão bom, que no fim do dia era necessário uma espátula, quiçá um martelo e escopro, para as remover. E depois aguentar ali uns dias com duas belas marcas rosadas, umas ligas de carne viva, a arder e a coçar. 
Ah e tal, mas não serias alérgica ao material?
Pronto, que mania de estragar o argumento ao pessoal. Era capaz sim, e caso se perguntem, troquei de marca e o problema resolveu-se, satisfeitos? 

Avançando então, no outro dia voltei a adquirir umas meias daquela primeira marca.
Oh, não havia nenhuma das outras, era?
Fffffff... não sei, distraí-me, sim? É uma coisa rara em mim (cof... cof), também não percebo. Meias vestidas, vamos lá para mais um dia, tralálá, tralálá, ai mas que sensação é esta na perna direita? Parece uma meia a escorregar, ui, segura com a mão, anda devagarinho, ui, segura mais um bocado, olha já vai no joelho, continua a andar com a mão na perna, ui, olha que sexy uma meia no tornozelo. Bahhh, despe isso mas é, assim como assim ninguém vai perceber que só tens uma vestida, quanto ao frio, olha, paciência, aguenta que é serviço. 

Moral da história? Menos uma meia, meia constipada. E a culpa é do silicone.

05 março 2015

Face to face, size matters

De um lado, aquele estudo sobre tamanhos que deve ter feito muito homem feliz.
Do outro, esta notícia com o potencial de abalar egos mais frágeis.

No caso do visado, a publicidade gratuita poderia ser compensação suficiente, mas ainda pede o reembolso do que gastou na relação. Com ele, é mesmo tudo em grande.

E hoje apenas resta a dúvida

Quanto tempo demora uma voz não usada a desaparecer?

03 março 2015

O que acontece nos bastidores fica nos bastidores, só que nem sempre

Já uma vez falei aqui sobre algumas situações com potencial para a desgraça (ou para nos fazer passar uma valente vergonha, pelo menos) que podem ocorrer num palco. A verdade é que muitas delas começam a desenhar-se antes, pequenos indícios ignorados que acabam por culminar no tradicional palavrão, seguido de um estava-se mesmo a ver.

Mas a questão é precisamente essa. O ver. Muitas vezes está demasiado escuro para isso. Demasiada confusão. Demasiado apertado. Não estamos habituados a bons camarins, espaçosos e bem iluminados com luzes fortes, que queimam bailarinos incautos. Muito menos com espelhos. Já perdi a conta ao número de vezes que saí do backstage ou debaixo de um vão de escada com a roupa vestida ao contrário, do avesso, sem uma meia, sem um cinto ou qualquer outro acessório. E quando se juntam a estas condições apenas poucos minutos para trocar de roupa entre duas actuações, então sim, estamos perante o alerta máximo de calamidade.

Sair a correr do palco. Entrar no cubículo sem luz onde existem mais 20 pessoas em diferentes estágios de nudez, penteados, maquilhagem e exercícios de aquecimento. Encontrar o fato da actuação seguinte no meio de todos os porta-fatos espalhados. Tirar a roupa toda, sapatos, encontrões para aqui e para ali, virar de frente para um cantinho numa tentativa ilusória de privacidade, voltar a vestir, esticar aqui, esticar ali, calçar, mudar de penteado, ouvir alguém gritar "faltam 3 minutos!!". Sair disparada para o WC mais próximo na busca desesperada de um espelho para arranjar melhor o cabelo. Lado a lado com uma companheira de guerra. As duas com o mesmo ar alucinado de quem andou a fumar coisinhas estranhas. Continuar irrequieta a ajeitar o fato. No silêncio frenético ver pelo espelho a outra a passar pelo mesmo. Trocar olhares e desabafar em simultâneo "esta merda encolheu / esticou!!!". Hein? Ouvir da parte dela "olha para isto, vou ficar com as mamas de fora, não sei o que se passa, mas elas não podem ter crescido assim, isto só pode ter encolhido!". Responder "também não estou a perceber o meu rabo, isto está a cair e a fazer fole aqui atrás, vou ficar com o rego à mostra!". Simultaneamente, ver o clarão de compreensão reflectido nos olhos uma da outra. E em poucos segundos, naquele silêncio que precede o disparar de impropérios, ouvir no corredor "UM MINUTOOO!!"

02 março 2015