Tinha veia de cão pastor. E eu talvez fosse encarada como uma ovelha. Ou apenas um membro da alcateia. Nem Alfa nem Beta. Um sentido de igualdade que poderia ser confundido com desmérito, não fosse talvez o responsável por fazer de mim a mais acarinhada e a mais protegida. A que era escolhida para brincar, para dormir, para levar festas e lambidelas, para dar colo, para secar lágrimas. Cresceu comigo. Ao longo de quase 18 anos foi companheiro de todos os momentos e ouvinte de mágoas. Sempre presente.
Março foi também o mês em que me tornei voluntária de uma associação de protecção e resgate de animais. Uma espécie de homenagem, quem sabe. Ou uma vontade que sempre existiu, e apenas ganhou uma nova força, um novo sentido, depois da perda. Ele próprio foi resgatado da rua para o nosso lar. E ganhei tanto com isso.
Existem muitos exemplos deste tipo de associações e do trabalho que fazem. Algumas publicitam mais, outras menos. Fotos e vídeos de salvamentos, de recuperações. E eu emociono-me, choro e riso misturados (se quiserem tentar, experimentem os vídeos da HopeForPaws, como este ou este), com as diferentes histórias, cada uma com o potencial de me fazer acreditar no pior, mas também no melhor dos outros.
Março é o culpado de toda esta confusão de letras e memórias ter sido atirada para aqui. Assim como as saudades que sinto. E o meu respeito por quem os protege ser tão grande que ultrapassa a minha capacidade de o ilustrar com palavras.
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